Karla Régia Ferreira Viana
Laila Fernanda de Souza Avelar
Maísa Carvalho Rezende Soares
A flexibilidade é importante para a qualidade de vida dos indivíduos, sendo preconizada para manter a amplitude de movimento necessária para as atividades diárias e atividades físicas.
A flexibilidade é uma valência física importante para a qualidade de vida dos indivíduos. Conceituada como qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesão (KOLYNIAK apud SILVA, 2005, p. 11), está presente em qualquer movimento realizado.
Esta capacidade física está, especialmente, relacionada aos hábitos posturais, elasticidade dos músculos e plasticidade dos ligamentos, tendões e cápsulas articulares (SACCO et al., 2009). Fundamental para a manutenção da saúde, a flexibilidade varia de acordo com sexo, idade, somatotipo e individualidade biológica (MINATTO et al., 2010) e, com o processo de envelhecimento, dentre as mudanças que acometem o indivíduo, naturalmente há a diminuição da flexibilidade.
Quando comparamos homens e mulheres, estas demonstram ter maiores níveis de flexibilidade, independente da idade (ACHOUR JÚNIOR, 2004 apud RASSILAN; GUERRA, 2006), aumentando até o início da fase adulta e posteriormente começa a diminuir em ambos os sexos (GLANER, 2003). Essas diferenças se mantêm ao longo de toda a vida (RASSILAN; GUERRA, 2006).
A flexibilidade é importante porque aperfeiçoa o movimento, aumenta a eficiência mecânica, diminui o risco de lesões e desenvolve a consciência corporal (SILVA, 2005), sendo preconizada para manter a amplitude de movimento necessária para as atividades diárias e atividades físicas (NELSON et al., 2007).
Uma vez que a amplitude articular de determinada articulação esteja comprometida, alguma limitação se manifestará e poderá comprometer o desempenho esportivo, laboral ou de atividades diárias (ALMEIDA; JABUR, 2007).
As recomendações de Nelson et al. (2007) para idosos são que estes, para manter a flexibilidade necessária para a atividade física regular e as atividades diárias, devam realizar atividades que mantenham ou melhorem a flexibilidade, pelo menos duas vezes por semana, no mínimo dez minutos em cada dia.
Assim sendo, o presente estudo tem por objetivo verificar o nível de flexibilidade do quadril e coluna de mulheres participantes das aulas de atividades físicas da Universidade da Terceira Idade, promovida pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
MATERIAIS E MÉTODOS
A amostra foi constituída de 58 mulheres compreendendo a faixa-etária de 50 a 72 anos (60±5,70) ingressantes nas atividades de dança, Tai Chi Chuan e esporte adaptado da Universidade Integrada da Terceira Idade – UNITI, projeto desenvolvido na Universidade Federal do Maranhão, no ano de 2011. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão com Processo CEP-UFMA 23115-013381/2010- 70 e todas as participantes da pesquisa realizaram o teste mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
No início das atividades foi marcada previamente uma avaliação física para que pudesse ser levantado um diagnóstico das alunas e, assim, orientá-las adequadamente. Durante a avaliação, realizada nas dependências do núcleo de esportes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), as alunas deveriam apresentar atestado médico liberando-as para a prática de exercício físico e se possuíam alguma restrição à prática das atividades.
As alunas responderam a uma anamnese (dados pessoais, histórico patológico pessoal e familiar) e, em seguida, foram orientadas sobre cada procedimento que iria ser realizado. Dentre as medidas realizadas, foi feita a medida da flexibilidade do quadril e coluna; para isso foi utilizado o protocolo “banco de Wells” (CHARRO et al., 2010).
Para a aplicação do teste foram utilizados colchonetes e o banco de Wells. O teste foi realizado da seguinte forma: as alunas deveriam sentar- -se com joelhos estendidos e apoiar os pés numa caixa, posicionando uma mão sobre a outra; os dois dedos indicadores ficam unidos sobrepostos, apoiados na superfície da caixa; projeta-se o tronco à frente, flexionando-o até o máximo; a cabeça fica entre os braços; mantém-se a posição por aproximadamente 2 segundos, enquanto é realizada a leitura. Realizam-se três tentativas, considerando a maior medida realizada.
Os dados foram coletados em fichas individuais e posteriormente analisados segundo as medidas do teste “banco de Wells”. A classificação utilizada é a proposta por Well e Dillon (1952 apud BLOCK et al., 2008).
RESULTADO
Os resultados da flexibilidade de quadril e coluna podem ser observados nas tabelas 1 e 2, referentes aos resultados obtidos pela equipe de pesquisadoras em 2011. Na primeira observa-se que a média da distância alcançada pelas avaliadas foi de 40,91cm (±9,87cm), sendo a maior distância 68,00cm e a menor, 15,00cm.
Tabela 1 – Resultados da avaliação da flexibilidade de quadril e coluna das praticantes de atividade física.
A tabela 2 apresenta os valores referentes à classificação do teste de “Banco de Wells”, de acordo com a estabelecida por Well e Dillon (1952 apud BLOCK et al., 2008).
Tabela 2 – Classificação da flexibilidade de quadril e coluna das praticantes de atividade física.
Observa-se que 74,14% das mulheres avaliadas apresentaram uma flexibilidade de quadril e coluna considerada ótima e 10,34% considerada boa. Se somarmos os resultados considerados médio, regular e fraco, o valor total fica em 15,52%.
DISCUSSÃO
A flexibilidade é um componente da aptidão física muito importante para a saúde. A sua manutenção e/ou melhora contribui para uma melhor qualidade de vida seja por prevenir lesões, melhorar mobilidade ou contribuir para uma melhor consciência corporal.
Os resultados obtidos através da avaliação realizada demonstram que as mulheres que participam da Universidade da Terceira Idade apresentam uma ótima flexibilidade de quadril e coluna, apresentando em média 40,91cm de distância alcançada. São mulheres que no seu cotidiano desempenham tarefas domésticas, contribuindo assim para manterem-se ativas e preservando o nível de flexibilidade.
Silva e Rabelo (2006), em seu estudo, constataram diferenças significativas na flexibilidade de mulheres idosas praticantes de exercício físico, quando comparadas às não praticantes. O American College of Sports Medicine – ACSM (2007) estabelece que, para idosos manterem o nível de flexibilidade necessário para praticar atividade física regular e para as atividades do dia-a-dia devem realizar atividades que mantenham ou aumentem a flexibilidade pelo menos duas vezes por semana, 10 minutos em cada dia.
O artigo efeito transiente de exercícios de flexibilidade na articulação do quadril sobre a marcha de idosas, Cristopoliski et al. (2008) evidenciaram que as idosas, após realizarem sessão de flexibilidade, apresentaram mudanças no padrão da marcha favorecendo a diminuição do risco de quedas. Block et al. (2008) relataram aumento significativo na flexibilidade dos músculos posteriores da coxa e região lombar.
Vale, Novaes e Dantas (2005), ao avaliarem a influência do treinamento resistido e do treinamento da flexibilidade para a autonomia funcional das atividades da vida diária, verificaram a eficiência de ambos os métodos, apesar de o treinamento de resistência ter apresentado melhores resultados.
Portanto, o treinamento da flexibilidade para as pessoas idosas é de supra importância para a manutenção da qualidade de vida, minimizando riscos de quedas, favorecendo a autonomia e independência, aumentando a auto-estima e a auto-confiança, em uma fase em que as perdas são inúmeras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como observado, as alunas da UNITI iniciaram o programa com um ótimo nível de flexibilidade. Espera-se que ao final desse, elas tenham mantido ou aumentado o nível de flexibilidade de quadril e coluna, preservando sua qualidade de vida.
Para verificar se isso ocorreu se faz necessário, que ao término do período, seja realizada uma avaliação somativa, com a finalidade de comparar as medidas antes e após a prática das atividades físicas, e verificar se houve melhora ou não nos resultados alcançados.
É necessário a realização de teste, incluindo grupo controle de sedentárias, com avaliação inicial e ao final do programa, para medir o quanto o exercício influenciou para melhorar a flexibilidade das praticantes.
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